A confiança é o alicerce sobre o qual são construídos relacionamentos significativos. É o cordão invisível que entrelaça intimidade, segurança e felicidade. Mas o que acontece quando esse alicerce desmorona? Quando a dúvida, a suspeita e o medo se infiltram em sua vida, como reconstruir a confiança e encontrar a paz? Certamente é uma experiência muito estressante quando as bases de um relacionamento estável estão desmoronando. Precisamos nos aprofundar juntos nas questões complexas da confiança, explorando os sinais de desconfiança, suas possíveis causas e as medidas práticas para a cura e a restauração.
Confiança em relacionamentos humanos tem a ver com crer no caráter, na habilidade e na verdade de alguém. Precisamos de confiança para desenvolver relacionamentos saudáveis e seguros que produzem satisfação. Viver desconfiando é um estresse. Para ir bem num relacionamento, é preciso confiar na pessoa. Mas existem problemas de desconfiança. Quando não existe confiança num relacionamento, surgem pensamentos e sentimentos prejudiciais como julgamentos negativos, suspeita e ciúme. Se a desconfiança persiste, ela pode levar a problemas maiores como abuso emocional e até físico. As pessoas podem ter problemas de confiança ligados à depressão, ansiedade excessiva, medo de ser abandonada, estresse pós-traumático, esquizofrenia, entre outros fatores.
Quer saber se você tem problemas de confiança? Veja alguns sinais:
- Verificar os fatos que lhe disseram, mesmo que você não tenha motivo para duvidar do que a pessoa te disse.
- Sempre esperar o pior do que farão com você, suspeitando dos motivos dos outros.
- Manter-se afastado das pessoas com dificuldade de se abrir para elas, com muito medo de ser vulnerável e íntimo.
- Ter muito ciúme, sentir-se sempre ameaçado no seu relacionamento romântico, como se o outro fosse te enganar.
Alguns autores separam ciúme cognitivo do ciúme emocional e do comportamental. O ciúme cognitivo é ligado a pensamentos, preocupações e suspeitas racionais ou irracionais sobre a fidelidade de um parceiro. No ciúme cognitivo, você fica ruminando pensamentos de traição. No ciúme emocional, surgem sentimentos dolorosos em resposta a uma situação que produz ciúmes. E o ciúme comportamental está ligado a atitudes do tipo detetive ou proteção, que uma pessoa pode tomar, como examinar os pertences do seu parceiro, a bolsa, a carteira, ou ver suas mensagens de texto ou e-mails.
O que fazer para melhorar os problemas de desconfiança? Se eles estão muito graves e criando muitos problemas nos seus relacionamentos, pode ser útil ter algumas consultas com um psicólogo para discutir essas coisas e verificar que possivelmente está existindo o cultivo de pensamentos distorcidos sobre desconfiança por alguma razão que pode não ser ligada ao fato do outro estar enganando, ou não ser uma pessoa confiável. Às vezes, podemos trazer para a vida adulta problemas de confiança por situações traumáticas vividas no passado infantil, e isso perturba os relacionamentos adultos nos quais não existe motivo para desconfiar.
Na terapia psicológica com um bom profissional, é possível aprender a ter novas maneiras de pensar para combater sentimentos negativos, ajudar as pessoas a separar problemas passados de medos futuros e ganhar confiança para reconstruir a confiança nos relacionamentos atuais. Se houve em sua vida alguma situação que produziu a perda da confiança, como por exemplo, um caso de infidelidade conjugal, é possível reconstruir a confiança. Quem traiu, usando esse exemplo, precisa pedir perdão, mostrar sincero arrependimento pelo erro cometido, oferecer alguma compensação pelo deslize praticado e não mais repetir o mesmo comportamento que perturbou a confiança.
Se seu amigo, esposo, esposa ou outro ente querido tiver problemas de confiança, esforce-se para ser mais honesto e transparente em todas as suas interações com ele e, na verdade, com todas as pessoas. Faça esforços para ser menos defensivo na comunicação com essas pessoas, expondo suas ideias e propósitos com palavras claras, sinceras e honestas. Diga o que você quer dizer, mas faça isso com respeito e clareza. Procure ser direto, objetivo e claro ao pedir o que você quer no seu relacionamento. Não use frases genéricas tipo “Ah, eu quero ser mais amada”, “Ah, eu quero que melhore o relacionamento comigo”. Explique para o outro o que isso significa em termos práticos. O amor não é uma bola mágica em que você diz uma frase genérica “Quero ser mais amada”, “Quero ser mais amado”, que não é clara, e o outro tem que adivinhar tudo que você não disse. Abrir o coração, falar do que sente, ser honesto em seus sentimentos, ser objetivo nos seus pedidos e fazer isso com respeito, sem gritaria, sem crise histérica, sem manipulação, tudo isso favorece um bom relacionamento com amor e promove a confiança.
Dr. Dean Ornish é cardiologista e professor da Universidade da Califórnia, São Francisco, e é autor de livros como “Salvando seu coração”, “Amor e sobrevivência”, onde ele explica sobre a importância da dieta vegetariana para a prevenção e tratamento de doenças em geral, especialmente da doença coronariana. E ele fala também da abertura do coração “emocional”, da meditação e da oração. Fala de grupos de apoio para aprender a lidar com as emoções e a prática de exercícios físicos; tudo isso importante para a saúde física, emocional, social e espiritual. Viver com desconfiança é ruim para sua saúde e pode produzir doenças psicossomáticas, que são as que aparecem no corpo, tendo fatores de estresse mental como uma das causas, ou talvez a causa principal.
Uma característica que favorece a doença do coração é a sensação de isolamento. E o Dr. Ornish, que eu citei, diz que qualquer coisa que promova uma sensação de isolamento leva ao estresse crônico e, na maioria das vezes, conduz a enfermidades como a doença do coração. Por outro lado, qualquer coisa que leve a uma real intimidade e as sensações de contato pode ser curativa no sentido verdadeiro da palavra. Ele diz assim: “A capacidade de sentir-me íntimo há muito tempo tem sido considerada como a chave para a saúde mental. Creio que é também essencial para a saúde de nossos corações.” Isso está em seu livro chamado “Salvando o seu coração”, página 91.
Você pode seguir intimidade no sentido horizontal e no sentido vertical. Vertical tem que ver com fé num Deus Criador amoroso e é desenvolvida pela oração, pela meditação, pela leitura da Bíblia. Já a intimidade no sentido horizontal depende de relacionamentos com outras pessoas e com você mesmo. Intimidade aqui não tem a ver com sexualidade. Muitas pessoas praticam sexo com frequência e não desenvolvem intimidade afetiva com os outros, e pessoas podem ser abstêmias de sexo e conseguir construir relacionamentos afetivos saudáveis com intimidade. Então, a saúde do coração físico depende também de melhorar sua afetividade consigo mesmo e com as pessoas.
Dr. Ornish explica que não é só uma questão de aprender a lidar com estresse, defender-se dele ou lutar contra ele, mas tem a ver muito com transcender essa sensação de isolamento, de modo que a cura real possa ter seu início, ou seja, de modo que os nossos corações, o espiritual e o psicológico, possam começar a se abrir, e não somente as nossas artérias. Então, peça a Deus a capacidade de confiar nas pessoas confiáveis, confiar em você mesmo e no que Deus pode fazer na sua vida. E ajude os outros a confiar em você, melhorando o seu jeito de ser com elas. É isso! É simples, não é? Pratique, você vai desenvolver melhor sua confiança nas pessoas ou ajudar alguém a ter mais confiança em você.
Você precisa de um guia para ajudá-lo a entender como lidar com o estresse em uma abordagem abrangente? Aprenda a combater o stress, mentalmente, fisicamente, emocionalmente e estrategicamente em sua vida.
Dr. Cesar Vasconcellos de Souza está trabalhando como psiquiatra e palestrante internacional. É autor de 3 livros, colunista da revista de saúde “Vida e Saúde” há 25 anos, e tem programa regular na TV “Novo Tempo”. Acesse mais conteudos no canal de Youtube.
EDITH ALTINO DO COU diz
Obrigado não tenho problemas conjugais sou viúva 35 anos hoje moro sozinha a vinte anos eu dos meus bichinhos cachorrinhos e uma gatinha. Acompanho o Sr Dr pela Novo Tempo gosto muito das seus comentários..Um Abraço