Hoje quero trazer algumas informações sobre um assunto chato, triste, trágico, mas que precisamos falar para lhes orientar. É o suicídio. A frequência do suicídio tem aumentado. O ato de matar a si mesmo tem a ver com depressão principalmente, mas também com outros tipos de sofrimentos mentais. A incidência da depressão tem crescido no mundo. Infelizmente, de 2005 até 2015, a presença desta doença do humor, a depressão, aumentou em 18,4% na população. 350 milhões de pessoas de todas as idades sofrem de depressão, e cerca de 800.000 pessoas morrem por suicídio a cada ano, sendo o suicídio a segunda principal causa de morte durante a segunda e a terceira década de vida.
E sabe em que faixa etária ocorrem essas mortes? Pessoas com idade entre 15 e 29 anos. Nas Américas, cerca de 50 milhões de pessoas viviam com depressão em 2015, ou seja, cerca de 5% da população, segundo relatório da Organização Mundial da Saúde e parceiros dela. Mais de três mil adolescentes morrem diariamente, totalizando 1,2 milhão de mortes por ano, por causas evitáveis. Em 2015, mais de dois terços dessas mortes ocorreram em países de baixa e média renda, na África e no sudeste asiático. As lesões de trânsito, as infecções respiratórias inferiores e os suicídios são as maiores causas de morte entre os adolescentes.
O suicídio é a principal causa de morte entre homens japoneses com idades entre 20 e 40 anos de idade. O índice japonês de 18,5 de suicídios para cada 100 mil habitantes é, por exemplo, três vezes o que se encontra no Reino Unido, que resulta em 6,2, e a metade das taxas nos Estados Unidos, somando 12,11. Segundo os cientistas, isso acontece no Japão principalmente com idosos, em função principalmente do isolamento, da solidão, por problemas financeiros graves, e aquele que não encontra uma saída, acaba cometendo suicídio. Além dos jovens no Japão que enfrentam a perda da esperança. Aliás, a perda da esperança é o que existe no núcleo do pensamento depressivo, que é um forte preditor de uma ideia suicida ou até de uma tentativa de suicídio.
Os jovens japoneses têm muita dificuldade em pedir ajuda, e além da perda de esperança, eles enfrentam a insegurança e falta de estabilidade nos empregos, que são de curto prazo, pois quando começam a trabalhar, sem nenhuma garantia ou estabilidade, eles vivem sem saber por quanto tempo permanecerão no trabalho. Cerca de 40% dos jovens não consegue empregos estáveis. Pode-se imaginar então a angústia em que eles vivem, tendo que pagar contas e cuidar da sua família sabendo que não possuem nenhuma garantia de trabalho. Isso gera realmente angústia e desesperança, podendo leva-los, entre outras coisas, a cometer suicídio ainda na juventude.
Um comportamento que agrava a ideia de morte nos jovens japoneses é a cultura de não reclamar e tentar resistir sozinho. Japoneses são assim, duros na queda. Uma grande parte desses jovens se isola, vivendo mais no mundo virtual. E a cultura não favorece a expressão dos sentimentos. Interessante isso! A gente sabe que um dos fatores de saúde mental tem a ver com a capacidade da pessoa experimentar um sentimento, um afeto, e expressar esse afeto. E experimentar significa viver aquela emoção, seja dor, seja alegria, seja culpa, seja felicidade, seja tristeza, sem fugir desse sentimento. Você expressa, você fala, você verbaliza e você sente. Mas na cultura japonesa, isso é mais restrito. Não se expressa muito sentimento, e isso pode piorar a saúde mental das pessoas.
No Japão os jovens muitas vezes assumem responsabilidades precocemente, como cuidar dos seus irmãos ou ter que trabalhar cedo para ajudar nas despesas da casa, e podem ser obrigados a abandonar a escola para poder gerar uma renda. Às vezes, casam precocemente ou se envolvem em sexo transacional para atender às próprias necessidades básicas de sobrevivência. Como resultado, sofrem com desnutrição, lesões não intencionais, gravidez indesejada, doenças diarreicas, violência sexual, infecções sexualmente transmissíveis e problemas de saúde mental.
Entre 1980 até 2014, houve um crescimento de 27,2% na taxa de suicídios de jovens entre 15 e 29 anos de idade. Em 2014, ocorreram 2.898 suicídios dessa faixa etária no Brasil, um dado que costuma desaparecer diante das estatísticas dos homicídios na mesma faixa etária, que é cerca de 30 mil.
Um sociólogo, Julio Jacobo, coordenador da área de estudos da violência da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, comenta que os suicídios muitas vezes se tornam invisíveis por serem um tabu sobre o qual mantemos silêncio. Os homicídios são uma epidemia, mas os suicídios também merecem atenção, pois alertam para um sofrimento imenso que leva o jovem a tirar a própria vida.
O psiquiatra da infância e adolescência e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz, Carlos Estelita, tem estudado a relação entre suicídio e outras formas de violência, como a violência social em comunidades onde existe uma tensão diária entre bandidos e polícia, com risco de morte devido à troca de tiros e bala perdida. Esse pesquisador também cita o bullying nas escolas como fator contribuidor para o suicídio entre jovens.
Se você tem um filho ou uma filha adolescente que começa a ter mudanças importantes no comportamento, como se isolar, ficar trancado no quarto quando antes era comunicativo, legado social, se o jovem era calmo e passa a ficar agressivo, se começa a dormir mais do que o normal ou apresenta insônia, se surge uma rebeldia aguda ou uma tristeza profunda com desânimo e queda importante no rendimento escolar, e se afasta também dos amigos, os pais precisam ter uma atitude de conversar com esse filho ou filha e ver o que está acontecendo. Dependendo do nível da mudança do comportamento, é importante levar esse jovem para uma avaliação profissional com um psicólogo especializado em adolescência.
Alguns jogos violentos, como o famoso Baleia Azul, sugerem e indicam suicídio. Mas os jovens que acabam se envolvendo com esse tipo de coisa não acabam se maltratando, e até se suicidando, tendo esses jogos como a causa principal de uma tragédia pessoal. Esses jovens, já possuem alguns sofrimentos e conflitos mentais importantes, e por isso é que acabam se envolvendo com esse tipo de coisa. E esta causa básica precisa ser compreendida pelos pais e avaliada por profissionais em saúde mental para que o problema seja resolvido na raiz. Os pais precisam, eles mesmos, de ajuda psicológica para saberem como lidar com um jovem com depressão ou com outro tipo de sofrimento mental que possa induzir ao suicídio.
Se você tem tido pensamentos suicidas persistentes, ou se planeja um suicídio, ligue para o Centro de Valorização da Vida (CVV) através do número do seu telefone, 188, de qualquer lugar do Brasil. Você liga, o número é gratuito, e a você é oferecida assistência. Para as pessoas que tentaram suicídio ou estão com alto risco, é uma estratégia fundamental. Quando a pessoa tenta o suicídio, ela precisa de ajuda rápida para prevenir a conclusão do suicídio.
Essas pessoas que já tentaram constituem um grupo de maior risco para o suicídio. O risco de suicídio em pacientes que já tentaram o suicídio é pelo menos uma centena de vezes maior do que o risco presente na população geral. Não há uma causa única para o suicídio. Ela envolve fatores socioculturais, genéticos, psicodinâmicos, filosóficos, existenciais e ambientais.
A existência de uma enfermidade mental é um importante fator de risco para o suicídio. Uma revisão de 31 artigos científicos publicados entre 1959 e 2001, englobando 15.629 suicídios na população geral, demonstrou que em mais de 90% dos casos caberia um diagnóstico de transtorno mental na época do ato fatal.
Nesse estudo de 15.629 casos de suicídio, verificou-se que 3,2% não tinham diagnóstico, 10.6% tinham um diagnóstico de esquizofrenia, 11.6% tinham transtorno de personalidade, 22.4% tinham transtornos ligados ao uso de substâncias (dependência do álcool ou de outras drogas psicoativas), e 35.8% apresentavam o transtorno do humor, como depressão ou doença bipolar.
A situação se agrava quando há combinações de doenças, como por exemplo, depressão junto com ansiedade e agitação. Mas isso não quer dizer que todo suicídio se relaciona a uma doença mental, nem que todo mundo que sofre de doença mental vai se suicidar. Mas é importante considerar que a presença de doença mental é um fator de risco para o suicídio.
Existe uma grande complexidade na causa do suicídio. São fatores predisponentes que envolvem mais do que apenas um evento ocorrido. A depressão não é causada necessariamente por algo recente, como a demissão de um emprego ou o término de um relacionamento. Às vezes, a pessoa vive uma situação dessas e fica deprimida, mas pode ser que esse evento seja apenas o fator desencadeante, a gota d’água que faltava na vida da pessoa. As condições sociais por si só também não explicam o suicídio. Pessoas que tiram suas próprias vidas e que estão vivenciando condições sociais difíceis provavelmente apresentam um transtorno mental subjacente, o que aumenta a vulnerabilidade ao suicídio.
No fundo, o suicida não quer morrer; ele simplesmente não sabe como continuar vivendo com aquilo que considera um beco sem saída. No entanto, sempre há uma saída, não necessariamente para o que a pessoa deseja, mas pelo menos para ela aprender a suportar a perda, a frustração e a raiva contra a realidade, raiva esta que muitas vezes é direcionada contra si mesma, levando à autoagressão.
Cerca de 1 milhão de pessoas se suicidam a cada ano no mundo, o que equivale a quase 2.740 por dia, 14 por hora ou quase dois a cada minuto. Considerando as tentativas, o índice é muito maior, chegando entre 15 a 25 milhões por ano globalmente. Mesmo em países desenvolvidos como Coreia do Sul e Japão, as taxas de suicídio são altas, influenciadas por uma série de fatores, incluindo competitividade, pressão mental, dificuldades econômicas, problemas familiares, entre outros.
Diversos fatores podem levar uma pessoa ao suicídio, como uso de drogas, crises psicóticas, falência financeira, término de relacionamento, perda de emprego, morte de pessoa amada, entre outros. Geralmente, aqueles que se suicidam dão sinais de que estão pensando seriamente nisso. Uma ajuda importante para um potencial suicida é o apoio da família, valorizando a pessoa e sua presença, observando e valorizando frases típicas que indicam ideias suicidas.
É importante abordar a pessoa que está enfrentando pensamentos suicidas, tentando entender o que ela está passando e encorajando-a a procurar ajuda psiquiátrica e psicológica. Mostrar a essa pessoa como ela é importante na vida de seus filhos ou netos pode ser um incentivo significativo. Explicar que a mente humana se adapta à perda e que o sofrimento não é eterno também pode ser reconfortante, mostrando que as coisas ruins também passam.
Então, diga à pessoa que está tendo essas ideias de suicídio que, durante uma crise intensa de pensamentos suicidas, quando se vê bombardeado pela ideia de se matar, é importante que essa pessoa compartilhe isso com alguém próximo. Se estiver sozinha, deve ligar para um amigo ou parente e falar sobre o assunto. Se possível, sair de casa e encontrar um amigo ou familiar que possa oferecer suporte na emergência. Também é crucial entrar em contato com o profissional que está cuidando do tratamento, para relatar o que está acontecendo e receber ajuda imediata. Orar para controlar e afastar os pensamentos pessimistas é benéfico, assim como manter a fé religiosa para prevenir tragédias como o suicídio. É essencial lembrar a si mesmo que a sensação ruim e os pensamentos destrutivos não serão constantes, desde que a pessoa tome medidas para evitá-los.
O familiar ou amigo de alguém que está com ideias suicidas não precisa temer abordar o assunto, pois isso não incentivará o ato. Dialogar abertamente, com sinceridade e desejo de ajudar, pode oferecer à pessoa outras perspectivas e dar tempo para reconsiderar uma decisão tão radical. Isso ajuda a superar o momento difícil de pressão mental negativa ligada à ideia de morte e prevenir recaídas na desesperança. É importante ajudar a pessoa a refletir sobre suas realizações e a lembrá-la do que Deus tem feito em sua vida, cultivando a gratidão.
Para prevenir o suicídio, é crucial que a pessoa desenvolva vínculos afetivos fortes ao longo da vida, para que essas amizades possam ser um apoio fundamental. Além disso, é necessário encontrar um sentido para a vida que promova esperança, pois a desesperança está no cerne do pensamento depressivo e suicida. Praticar a intimidade com Deus através da oração e do estudo de textos espirituais, como a Bíblia, é fundamental para fortalecer esses vínculos afetivos e prevenir o suicídio.
É importante reconhecer que o clima de competição e o estilo de vida consumista podem contribuir para sentimentos de desesperança. Entrevistas com pessoas que tentaram o suicídio mostram que muitas se arrependem, o que ressalta a importância de buscar ajuda e encontrar alternativas. Como diz em Isaías 57:15: “Porque assim diz o Alto e o Sublime, que habita na eternidade e cujo nome é Santo: Em um alto e santo lugar habito e também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos e para vivificar o coração dos contritos.”
Fique sempre atualizado
Cadastre-se para receber nosso boletim informativo e mantenha-se sempre informado sobre as novidades e dicas para sua saúde.
Deixe um comentário