Vamos ver hoje ideias sobre como gerenciar as emoções em seus relacionamentos para que eles funcionem melhor no casamento, na família em geral, na sua comunidade religiosa ou no trabalho. Todos nós experimentamos no dia a dia sentimentos agradáveis e desagradáveis. E quando lutamos por cultivar bons sentimentos, que dependem de bons pensamentos, isso ajuda na resolução de conflitos em nossos relacionamentos com as pessoas.
Alguns, ao lidar com conflitos, podem soltar palavras e sentimentos, ter atitudes que ferem e pioram tudo. Enquanto que outros podem reprimir as emoções, não dizer e não fazer o que talvez teria sido importante falar e fazer, e agir na busca de resolução do conflito.
O Dr. Daniel Shapiro, psicólogo e professor associado da Faculdade de Medicina da Universidade de Harvard, durante muitos anos pensou sobre como as emoções podem ajudar e também prejudicar na resolução de problemas. No início da sua carreira, ele ajudou a criar um programa piloto de resolução de conflitos para pacientes que recebem cuidados para transtornos psicóticos no Hospital McLean, que é afiliado à Universidade de Harvard. Mais tarde, ele treinou a equipe de negociação de reféns da polícia de Nova York. Atualmente, ele consulta líderes internacionais sobre como resolver disputas políticas.
Uma das descobertas dos estudos dele e de outros profissionais em saúde mental é que os conflitos podem ser resolvidos com mais sucesso quando a razão e a emoção são levadas em consideração. Ou seja, não é só usar a razão; o desafio é aprender como lidar de uma forma adequada com um monte de emoções positivas e negativas, tais como o medo, o orgulho, a vergonha, a esperança, o desespero, a euforia e a frustração, sem ficar sobrecarregado.
A recomendação é focar nas preocupações centrais e não nas emoções que você sente, mas focar nas preocupações na busca de resolução, para não se afundar emocionalmente por pensar nelas. Muitas preocupações que temos se relacionam com desejos e necessidades humanas básicas que estão por trás de emoções dolorosas e também não dolorosas que surgem em qualquer conflito. Podemos aprender a conduzir nossos sentimentos para uma direção mais positiva e produtiva ao vivermos algum tipo de conflito, o que é importante para que não fiquemos dominados por sentimentos desagradáveis.
Foram identificadas questões centrais que nos ajudam nisso. Primeiro vem a apreciação. Quando surge um conflito em nossa vida, queremos ser apreciados, queremos que compreendam a nossa luta ou dificuldade. Diante de um conflito com alguém, ajudará muito se você pensar e manifestar apreciação pelo que a outra pessoa está dizendo. Isso evita um crescimento do conflito com ela, auxilia na resolução do problema e fortalece o relacionamento.
Se, por exemplo, você está numa discussão com seu marido ou com a sua esposa sobre alguma coisa, aprecie o que ele ou ela está dizendo. Como é que você faz isso? Bom, escute a fala do outro com respeito. Pense no que ele ou ela está dizendo, ao invés de ficar pensando na próxima frase que você já quer dizer. Você pode dizer, por exemplo: “Poxa, eu imagino o quanto é difícil para você viver essa situação e lidar com esses sentimentos”.
O Dr. John Gottman, psicólogo da Universidade de Washington, em Seattle, verificou que os casais que expressam apreciação um pelo outro têm maior probabilidade de permanecer casados do que os casais que não fazem isso.
Em suas pesquisas, ele observou que os casais em casamentos estáveis expressaram cerca de cinco emoções positivas, como mostrar interesse, afeto ou humor, por exemplo, durante a discussão para cada emoção negativa, como defensividade, desprezo ou raiva. Ao começar a conversar para tentar resolver um conflito, expressar gratidão por algo que o outro fez ou tem feito dá o tom da conversa e é uma boa forma de iniciar o diálogo.
Outra característica que favorece lidar melhor com nossos sentimentos na busca de resolver algum conflito, é a afiliação. Isso significa evitar aquela atitude de “eu contra você”, evitar uma disputa, evitar uma competição. Pense em construir ou manter uma aliança ou uma boa conexão emocional com a outra pessoa envolvida no conflito. Cultive a mentalidade de criar cooperação para resolver o problema. Quando se fala em construir afiliação, quer dizer abordar as diferenças entre você e o outro como problemas a serem resolvidos juntos, em amizade e não em guerra. Mesmo quando as questões que dividem as pessoas produzem sentimentos difíceis e acalorados, pensar em criar uma cooperação para a resolução dos conflitos pode ajudar. Então, não é “eu contra você” ou “você contra mim”, mas “como me juntar a você e você a mim para resolvermos este problema?”
Outro aspecto que ajuda a resolver conflitos é a autonomia. Muitos conflitos surgem quando as pessoas sentem que não foram adequadamente envolvidas numa decisão que produziu repercussões na vida delas diretamente. Por exemplo, se um chefe, movido por sentimento de raiva, inveja ou insegurança, transfere um funcionário para outro departamento da empresa que não é bom para o funcionário ou o transfere para outra cidade, ele violou a autonomia desse funcionário, no sentido de o servidor ter o direito de participar das decisões sobre mudanças no trabalho dele. Aí, o diálogo, sinceridade e espírito de respeito ao outro como uma pessoa são necessários. Não pode ser algo ditatorial e autoritário, pois assim piora o conflito.
Quando se está em meio ao conflito com alguém, é possível haver competição em termos de posição hierárquica ou experiência. Um pode dizer: “Ah, eu sou mais experiente do que você nessa área” e querer impor a sua ideia ao invés de colocar essa ideia na mesa para ser estudada e avaliada por todos. Porém, o status da pessoa pode ser usado de forma positiva. Por exemplo, você pode iniciar a conversa pedindo conselho para outra pessoa que pode ter mais experiência, o que ajudará na busca de resolver o problema.
Finalmente, existe a função. Qual função você exerce e como isso pode ajudar ou atrapalhar a resolução de conflitos? Às vezes, precisamos ajustar nossa função para encontrar soluções para o problema. Por exemplo, uma esposa, ao chegar em casa, quer discutir com o esposo uma situação do trabalho dela, mas o marido interrompe e oferece conselho sobre como resolver o problema. O conselho pode ser bom, mas a esposa fica zangada e repreende esse marido por interromper o que ela precisava falar. Ela quer que ele a escute. Assim, o papel ou função mais produtiva do marido não é de advogado, mas de ouvinte.
Isso são alguns conceitos poderosos sobre gerenciamento de conflitos. Talvez você precisa ler de novo o artigo e mastigar algumas ideias para entender e aplicar. Mas se você colocar esses conceitos em prática, vai evitar muito estresse em sua vida e seus relacionamentos mudarão para melhor.
Você precisa de um guia para ajudá-lo a entender como lidar com o estresse em uma abordagem abrangente? Aprenda a combater o stress, mentalmente, fisicamente, emocionalmente e estrategicamente em sua vida.
Dr. Cesar Vasconcellos de Souza está trabalhando como psiquiatra e palestrante internacional. É autor de 3 livros, colunista da revista de saúde “Vida e Saúde” há 25 anos, e tem programa regular na TV “Novo Tempo”. Acesse mais conteudos no canal de Youtube.
Deixe um comentário