Muitas pessoas sofrem de ansiedade, depressão, estresse, crise de pânico e outras doenças mentais. Geralmente pensamos em uma lista de fatores que podem causar esses problemas mentais, mas raramente pensamos sobre o poder dos nossos pensamentos. Quais são os passos para uma cura mental?
Como definimos que uma pessoa possui uma boa saúde mental? Primeiro de tudo, não há ninguém que tenha saúde mental 100%; ou seja, não existe nenhum ser humano que não tenha algum tipo de tristeza, alguns momentos de angústia, alguma ansiedade. Todos nós temos algum tipo de luta. Alguns têm mais, outros menos, e alguns a têm por algum período da vida, depois passa e fica bem. É importante pensar que saúde mental tem a ver com a capacidade de se conseguir trabalhar, estudar e ser útil para a sociedade, e amar de uma forma madura as pessoas.
Muitas pessoas são dependentes de medicamentos psiquiátricos, como tranquilizantes, antidepressivos, estabilizadores de humor ou indutores de sono. Há pessoas que são muito dependentes de medicamentos psiquiátricos, e claro, os medicamentos têm seu lugar, têm seu momento no tratamento de doenças mentais. Mas precisamos saber que os medicamentos não curam a causa do sofrimento.
Os medicamentos psiquiátricos atuam no sintoma. O tranquilizante pode baixar a ansiedade de uma pessoa que tem um conflito importante mental que gera uma ansiedade excessiva, mas é necessário entender que essa ansiedade está sendo produzida por alguma coisa, um comportamento, uma tensão em algum relacionamento, algum trauma do passado. As pessoas que são dependentes de medicamentos psiquiátricos podem melhorar e adquirir saúde mental se praticarem alguns passos na sua própria consciência e nas atitudes para consigo mesma e para com os outros.
Alguém disse que depressão é excesso de passado, ansiedade é excesso de futuro, e muito stress é excesso de presente. Eu acho que existe alguma verdade nisso! Algumas pessoas deprimidas focalizam muito seus pensamentos conscientes e inconscientes nas perdas do passado, ficando muito ligadas a esse passado. Já por outro lado, as pessoas muito ansiosas se concentram demais nos medos do futuro em geral, com pensamentos que comumente as pessoas muito ansiosas têm. Elas usam muito as frases: “Ah, e se acontecer aquilo e aquilo outro? Ah, e se eu estiver lá, perdido? E se esse motorista do ônibus dormir? E se meu filho não me ligar?” Ficam muito preocupadas com o que pode acontecer lá na frente.
Já os estressados podem estar com uma carga de atividades e responsabilidades no presente que precisa ser aliviada. É importante ao que sofre mentalmente lutar contra pensamentos de tristeza, de descontentamento, de desconfiança, de ansiedade, e cultivar pensamentos de esperança, de simpatia, de amor equilibrado por si mesmo e pelos outros.
O importante é que a pessoa que está sofrendo emocionalmente, seja uma crise de pânico, de depressão, uma tristeza passageira ou uma timidez excessiva, não se deixe ficar dependente de outra pessoa para a sua cura mental. Nenhum ser humano pode curar outro ser humano. É importante não se submeter a qualquer técnica – mesmo tido como científica – se essa técnica te faz ficar submisso ao domínio de outra pessoa, como instrumento passivo nas mãos dela. A fonte de uma cura profunda não é um ser humano. Eu não estou dizendo que não vamos procurar um psiquiatra ou psicólogo; estou dizendo que, mesmo que eu precise procurar um profissional da saúde mental, ainda assim eu mesmo preciso trabalhar a minha cabeça, sabendo que aquele profissional não tem toda a solução para o meu problema.
Muitas vezes ao atender em consultório, eu geralmente falava para o paciente assim: “olha você está vendo aquela porta ali, (e eu mostrava a porta do meu consultório). O mais importante para a sua saúde mental é o que você vai fazer daquela porta para fora; é o que você vai pensar, é como você vai lidar com as suas emoções; não é o medicamento; não sou eu. É o que você vai fazer com aquilo que a gente trabalha aqui dentro do consultório na psicoterapia”.
Claro, a medicação pode dar um empurrãozinho, mas para os cristãos, eu costumo dizer que a medicação é o número três nesse tratamento. O número um é você e Deus. O número dois é a psicoterapia, e o número 3 é a medicação.
É importante lembrar que Deus nos deu uma consciência, nos deu liberdade de escolha. Nós temos inteligência, podemos pensar, podemos aprender a lidar com emoções difíceis. É possível aprender. Existe um trabalho a ser feito por cada pessoa que sofre emocionalmente, e esse trabalho não pode ser substituído pelo médico, psicólogo ou conselheiro, nem por medicamentos, mesmo que sejam medicamentos naturais.
Esse trabalho é o que cada um tem que fazer: é avaliar seus pensamentos, analisar seus sentimentos e ver se eles têm base na realidade, se são coerentes, e decidir lutar contra aqueles pensamentos e sentimentos que são irrazoáveis, que não fazem sentido e que te afundam na ansiedade excessiva e na depressão. Não deixar que esses pensamentos negativos, ruins, tomem conta de sua mente o tempo todo. Liberdade benéfica em saúde mental não é pensar, sentir e fazer o que você quer; é pensar, sentir e fazer o que produz bem-estar, o que produz serenidade, o que leva a uma vitória sobre o estado depressivo, o enfrentamento de compulsões, de uma redução da ansiedade alta ou exagerada.
Isso depende muito de onde a pessoa se concentra. A saúde mental depende muito do que a pessoa mais pensa. Depende das escolhas que ela faz. Existem pessoas que têm muitos pensamentos trágicos, que sofrem crise de pânico. Geralmente seus pensamentos são: Ah meu coração vai parar; ah vou ter um infarte; ah não vou conseguir respirar. À qualquer sintomazinho do seu corpo, a qualquer sinal normal no seu corpo, ela já se desespera. Se o coração acelerou um pouquinho porque deu uma corrida, ou deu uma dorzinha na barriga, já pensa: Ai meu Deus, será que é um câncer? Será que vou infartar? É uma tendência de pensar tragicamente; e isso tem que ser trabalhado, tem que ser eliminado, tem que ser corrigido, porque o medicamento não vai mudar isso. Muitas vezes, pessoas que se sentem inválidas mentalmente, achando que não conseguem fazer nada, não conseguem trabalhar, não conseguem melhorar, podem resistir à doença ao se recusar se entregar a esse estado doentio, e também evitando ficar sem fazer nada, acreditando que os remédios vão resolver tudo.
Cada um precisa enfrentar a sua dor e ter uma ocupação adequada às suas forças: Praticar atividade física ao ar livre, respirar profundamente, se expor à luz do sol, beber água pura ao longo do dia, evitar bebidas alcoólicas, usar uma alimentação mais próximo possível do vegetarianismo, tudo isso ajuda o corpo e o cérebro a funcionar melhor. Se a pessoa está sofrendo emocionalmente, e se não for algo grave como a esquizofrenia, ou um surto maníaco da doença bipolar, é importante que tome a atitude de fazer alguma coisa na vida que contribua para aliviar o sofrimento de outra pessoa ao invés de ficar ociosa, trabalhando egoisticamente como alguns, para acúmulo de bens materiais.
Não perder o tempo precioso com diversões fúteis também ajuda na saúde mental. Você pode ter um momento de diversão, mas que seja algo mais produtivo e positivo. Quando acontecer uma provação muito difícil na sua vida, em vez de ficar lamentando, praguejando e se amargurando, pergunte a si mesmo: o que que eu posso aprender com isso? O que que essa situação dolorosa está querendo me ensinar? Abra sua mente para pensar nessas coisas.
É preciso um grande esforço para mudar a corrente dos pensamentos de tristeza, de ansiedade, de preocupação excessiva. Mas é possível mudar. Avalie os seus pensamentos. São eles negativos? Quais são os pensamentos que mais ocupam a sua mente? É necessário que se faça esse exercício. Pode ser cansativo, pode ser chato, às vezes desagradável, mas é necessário.
Claro que é muito mais fácil ir ao médico, começar a tomar os medicamentos receitados e aí achar: Ah que bom, estou no Zen, tomei um Rivotril, agora está ótimo, está tudo bem. Mas espera aí: seus pensamentos permanecem negativos, então aquele medicamento não vai trocar esses pensamentos. Nenhum medicamento consegue fazer no lugar de uma pessoa o que ela tem que fazer por si só para poder avaliar o tipo de pensamentos que ela mais têm, e as emoções que ela mais permite que aconteça na vida dela, para ver o que que é positivo, o que não é, o que deve ser mudado e o que não se deve mudar.
Muito da felicidade, da recuperação emocional, do tratamento, da cura e do bem-estar mental de uma pessoa depende de fixar a mente em coisas animadoras, resistindo aos pensamentos trágicos e pessimistas que levam à tristeza e ansiedade.
Você pode pensar nas coisas boas que aconteceram na sua vida. Seja grato por isso. Fale de gratidão. Claro, durante um tratamento psicoterápico, tem momentos para a pessoa desabafar, para chorar, para expressar sua raiva, raiva da vida, raiva de Deus, raiva de quem está lhe machucando. Enfim, essa pessoa tem que ser acolhida e vamos deixá-la falar e desabafar, mas em algum momento ela terá que interromper isso, pois já teve tempo suficiente para extravasar tudo, e a partir daí ela precisa mudar a maneira de lidar com essa dor.
Talvez sejam necessários alguns meses treinando a mente para interromper os pensamentos ansiosos, pensamentos pessimistas ou depressivos, e cultivar esperança, gratidão, bondade, que ajudam na recuperação da saúde da mente, quando desenvolvidos. Pode ser um processo demorado, mas para pessoas mais decididas pode acontecer mais rápido.
Às vezes pode se receber duas pessoas com depressão no consultório. Uma, que está vivendo um quadro de depressão diz: “Ah, não consigo nada, não vou conseguir melhorar, Deus me abandonou, a vida não faz sentido”. Ela ainda não está pronta para poder sair desse quadro. Outra, também vivendo esse quadro de depressão fala: “Olha, eu estou sofrendo, estou triste, está tudo muito ruim, sofri uma perda, mas eu sei que Deus vai me ajudar, e estou disposta a fazer o que for possível para receber ajuda e sair desse sofrimento. A mesma doença, mas com duas mentalidades diferentes.
A gente não apaga em poucas semanas, em poucos meses, as consequências de anos de tendência negativa de pensar e sentir. Muitas vezes a pessoa que vem ao consultório já vive há 15 anos com a tendência muito trágica de pensar, muito ansiosa de pensar, de viver, e ela quer resolver isso em um mês, em três consultas, ou com dois remédios; mas não é assim. A depressão é um tipo de sofrimento mental que pode ter recaída, mas a pessoa pode se levantar e recomeçar com aquilo que já aprendeu, que sabe que ajuda.
É importante acreditar na mudança que pode acontecer na mente da pessoa quando ela se dispõe a trabalhar de maneira adequada para vencer o seu sofrimento mental. Se a pessoa realmente quer melhorar, ela vai melhorar ao praticar essas mudanças de pensamentos.
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Dr. Cesar Vasconcellos de Souza está trabalhando como psiquiatra e palestrante internacional. É autor de 3 livros, colunista da revista de saúde “Vida e Saúde” há 25 anos, e tem programa regular na TV “Novo Tempo”. Acesse mais conteudos no canal de Youtube.
Ruth diz
Muito bom esse conteúdo, nós ajuda bastante e sempre bom saber que Deus usa através de pessoas, texto para ajudar nos a entender muitas coisas nas quais não conseguimos sozinha, grata,🙏🏻❤️
Laudiceia dos Santos Silva diz
Fantástico 👏👏👏
Laudiceia dos Santos Silva diz
Fantástico esse conteúdo, tem a minha admiração!!
Josineide diz
Muito maravilhoso! Ameii❤
Auriane Zózimo diz
Cada novo artigo é benção 🙌 Deus os abençoe ricamente
Ana diz
Boa tarde
Gostei muito das argumentações sobre os pensamentos e o poder de escolha mas sobretudo sou de acordo com os passos necessários, sendo o primeiro da dependência de Deus em nossas vidas. Obrigada