O transtorno obsessivo-compulsivo, ou TOC é um sofrimento mental bem desagradável. O que vem a ser o TOC, e o que a pessoa portadora dele pode fazer para melhorar?
O TOC atinge de 0,7 a 2,5% da população em geral. Então por exemplo, numa cidade com 100 mil habitantes deverá existir entre 700 a 2500 pessoas com esse sofrimento, ou transtorno mental, que incomoda bastante, e pode ficar tão grave em certas situações, que perturba a vida estudantil, profissional, social e familiar da pessoa.
As pessoas famosas e ricas também têm TOC. Por exemplo o cantor brasileiro de música popular romântica Roberto Carlos é portador do transtorno obsessivo-compulsivo. Se você for no site oficial dele ali ele colocou informações sobre esse sofrimento. Outro exemplo é a atriz Luciana Vendramini, também sofre de TOC. Daniel Radcliffe, ator que fez o papel de Harry Potter, descobriu que tinha TOC aos cinco anos de idade. Sabe que ele disse? Ele falou assim: “Eu tinha que repetir cada frase que eu dizia baixinho. E eu gostaria de encorajar todos com esse problema a passar por terapia. Isso não significa que você está louco o fraco.”
Também o David Beckham, famoso jogador de futebol inglês sempre admitiu que sofre de TOC, e que na vida dele essa doença mental aparece pela necessidade constante de limpeza e perfeição de tudo ao seu redor. Qualquer coisa fora de ordem produz tensão nele, tudo para ele tem que ser em pares. Se estiver três copos na pia, tem que colocar mais um para fazer dois pares, ou tem que tirar um para ficar somente um par. Não pode ter três pares de chuteiras no armário dele. Tem que ter ou dois pares ou quatro pares, sempre número par, isso é o transtorno obsessivo-compulsivo.
Outro indivíduo famoso com TOC foi o cantor Michael Jackson. Além disso parece que ele sofria também de um transtorno chamado TDC transtorno dismórfico corporal, que é uma doença mental que se caracteriza por perturbar a percepção que a pessoa tem da própria imagem corporal, levando até preocupações irracionais sobre defeitos em alguma parte do seu corpo, e que explicaria então as inúmeras cirurgias plásticas que ele fez em sua curta vida. A ex-mulher dele Lisa Presley, disse que ele nunca tirava maquiagem. Muitos que padecem desse sofrimento do transtorno dismórfico corporal, têm maior risco de se tornarem viciados em cirurgia plástica.
O que é o TOC?
O nome dessa doença chamada TOC, transtorno obsessivo compulsivo já diz: obsessão e compulsão. Uma pessoa com esse sofrimento mental tem pensamentos intrusivos, que ela não quer ter, que ficam perturbando a consciência. Exemplos desses pensamentos podem ser tipo: Será que eu tranquei a porta de casa, ou acho que eu me contaminei com germes em se tocar naquele objeto, com pensamentos assim que não param, não dão sossego, a pessoa sente compulsão para fazer o que eles, os pensamentos dizem.
No primeiro caso que eu citei, em que os pensamentos obsessivos ficam dizendo se ela fechou realmente a porta, essa pessoa tem a compulsão de verificar várias vezes se realmente trancou a porta. No segundo caso em que os pensamentos ficam obsessivamente dizendo que ela pode ter sido contaminada, ela vai lavar as mãos compulsivamente repetidas vezes, dez, quinze ou vinte vezes.
Os pensamentos compulsivos ficam mandando a pessoa com TOC praticar os atos compulsivos, porque se não fizer, surge uma ansiedade que perturba muito, e se a pessoa não praticar o que obsessão diz, ela vai ficar muito inquieta. Então a obsessão no caso da doença obsessiva-compulsiva, a obsessão tem que ver com pensamentos repetitivos na consciência do indivíduo, e a compulsão tem que ver com a repetição de atitudes, de atos que a tem a finalidade de aliviar aqueles pensamentos perturbadores. Então obsessão é pensar, compulsão é fazer.
A ex modelo e atriz Luciana Vendramini, numa entrevista que ela cedeu ao jornal Folha de São Paulo, ela falou sobre o problema, dizendo que ela tinha o que chamo de pensamentos intrusivos sincronizados, ou seja, ela precisava imaginar algo bom junto com uma ação. Por exemplo, enquanto lava as mãos ela devia pensar em coisas bacanas. Daí vem o pensamento ruim, e ela tinha que lavar a mão de novo, então ela comentou que chegou a ficar 24 horas repetindo manias. Só no banho ela levava umas 8 horas. Que sofrimento né?
Existem vários tipos de pensamentos obsessivos, como o pensamento de que a pessoa cometeu um pecado imperdoável, ou que ela tem que arrumar seu armário de maneira perfeita, ou que tem que ajeitar um quadro na parede que está um pouquinho torto, ou que tem que dar três toques na parede sempre que pensar numa palavra, ou tem que pular as linhas no chão de uma calçada naquelas marcas. Aliás no filme: “Melhor é impossível”, o ator Jack Nicholson faz o papel de uma pessoa com transtorno obsessivo-compulsivo.
As pessoas normais podem ter pensamentos que se repetem na mente, é verdade, mas é algo temporário e não sé cronifica, aquilo passa, termina, mas nos indivíduos com TOC os pensamentos se tornam recorrentes ou obsessivos, perduram e se torna o padrão de pensar. Isso provoca muita ansiedade, e muita ansiedade provoca: o pior é isso.
Uma tentativa de aliviar a ansiedade produzida pelos pensamentos obsessivos é justamente praticar os atos compulsivos. Por exemplo se na mente da pessoa com TOC o pensamento obsessivo é sobre contaminação, ela poderá tentar amenizar isso através do ritual de lavar as mãos exageradamente dezenas de vezes ao dia. Se o pensamento obsessivo é sobre se ela realmente apagou a luz de um cômodo em casa ou no trabalho, ela pode conferir se de fato fez isso dezenas de vezes, uma atrás da outra.
Como tratar o TOC?
Alguns cientistas acreditam que o TOC tem que ver com alterações cerebrais e que é necessário usar medicamentos para tratá-lo, mas não é só “isso”. Existem outras complicações emocionais que geram muita ansiedade, e a mente uso os pensamentos obsessivos e os atos compulsivos como defesa da dor emocional profunda. Então na causa do TOC existem fatores físicos, fatores emocionais, e até fatores espirituais.
Ajuda a lutar contra o TOC dizer para si mesmo, que os pensamentos obsessivos não tem valor moral, mas são resultado de alterações neuroquímicas, talvez devido ao excesso de ansiedade. Por isso a pessoa com TOC precisa desvalorizar os pensamentos obsessivos o mais que puder e dizer para si mesma, que ela não tem que fazer o que eles mandam.
Também é importante lutar para pensar em outra coisa para substituir o pensamento obsessivo. Isso é difícil no começo, é verdade, mas com tempo a pessoa pode conseguir evitar ficar concentrada nos pensamentos obsessivos, escolhendo pensar em outras coisas. As dificuldades surgem por que existe uma ansiedade forte que leva a pessoa até esses pensamentos, e eles por sua vez conduz aos dados compulsivos repetitivos. Isso significa que quando a pessoa luta para impedir que os pensamentos obsessivos continuem na sua mente perturbando, ela pode sentir mais ansiedade, pode ficar inquieta, angustiada, mas com o tempo essa ansiedade poderá começar a diminuir, sem que a pessoa necessite praticar a compulsão para obter alívio daqueles pensamentos obsessivos.
Então um exercício que pode ajudar, é quando vierem os pensamentos obsessivos, ao invés de logo praticar o ato compulsivo, diga para você mesmo: Eu vou esperar uns 20 minutos sem me deixar levar pela necessidade de agir compulsivamente. Depois de alguns dias ou semanas, aumenta esse tempo de espera um pouquinho mais, ou em outro caso de transtorno obsessivo-compulsivo no exemplo de uma compulsão para lavar as mãos por vários minutos, a pessoa pode diminuir o tempo que fica lavando as mãos. Ela pode lutar se esforçar para decidir lavá-la usando o menos tempo ao invés de ficar 15 minutos lavando as mãos, então ela pode decidir talvez vai ficar dez minutos só. Depois mais adiante diminua ainda mais esse tempo e se ocupe com outra tarefa.
Não tenha vergonha de falar de sofrimento para ninguém. Se você não conseguir interromper gradativamente os atos compulsivos mesmo se esforçando, então procure uma ajuda profissional com psiquiatra ou psicólogo. É porque quando o transtorno obsessivo-compulsivo se torna grave a ponto de perturbar a vida social e de trabalho da pessoa, uma medicação temporária prescrita pelo psiquiatra poderá ser necessária, além da psicoterapia com psicólogo clínico.
Fique sempre atualizado
Cadastre-se para receber nosso boletim informativo e mantenha-se sempre informado sobre as novidades e dicas para sua saúde.
Dr. Cesar Vasconcellos de Souza está trabalhando como psiquiatra e palestrante internacional. É autor de 3 livros, colunista da revista de saúde “Vida e Saúde” há 25 anos, e tem programa regular na TV “Novo Tempo”. Acesse mais conteudos no canal de Youtube.
Odília de Campos diz
Gostei muito, dos esclarecimentos sobre TOC. Graças a Deus, não me encacho!
Mas, posso e é que sempre faço, compartilhar!
Admiro seu trabalho, e sempre, o indico!
Vejo tb, através da Novo Tempo.
Que Deus, continue te abençoando!
Divina diz
Muito bom. Trabalho com idosos e alguns ja apresentaram esse quadro descrito. Voltam para lavar as mãos ou verificar a porta ou a geladeira. Satisfeita com os
esclarecimentos.
ELZANY LEAL OLIVEIRA VEIGA diz
Muito esclarecedor. O meu filho foi diagnosticado aos 4 anos com autismo infantil, com comprometimento emocional grave, não desenvolveu a fala é o TOC o acompanhou até a idade adulta. Hoje com 37 anos , na pandemia, o TOC voltou com força, estou a procura de um psiquiatra e equipe multidiscilpinar para trata-lo pois estamos em Rio das Ostras há 4 meses e precisa começar do zero o tratamento dessa dor emocional.