Em 2 de dezembro, a Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde do Reino Unido concedeu autorização temporária para a aplicação da vacina COVID-19 da Pfizer e da BioNTech. Entre os dias 8 e 15 de dezembro a primeira dose da vacina foi aplicada a 137.897 pessoas no país.1)Covid vaccine: More than 130,000 vaccinated in UK in first week. BBC News, December 16, 2020 Os Estados Unidos seguiram logo depois, aprovando a vacina da empresa Pfizer em 11 de dezembro e a vacina da Moderna em 18 de dezembro. Nesse ínterim, 9 vacinas diferentes foram aprovadas em vários países.

O ritmo acelerado do desenvolvimento dessas vacinas fez uma série de críticos a levantar suas vozes para se manifestarem. Alguns são veementemente contra qualquer vacinação, outros estão muito preocupados com a velocidade do processo de aprovação, e alguns até assumiram que as vacinas seriam capazes de modificar permanentemente o DNA do corpo humano. Tem surgido fortes discussões, com participantes defendendo suas ideias com toda firmeza em ambos os lados.
Existem algumas preocupações que são muito válidas. Mas como podemos separar os fatos das especulações? E nem todas as vacinas são feitas da mesma forma. A fim de compreender o que está acontecendo, precisamos entender um pouco mais profundo, como as vacinas eram feitas tradicionalmente e quais novas tecnologias foram aplicadas para as vacinas do COVID-19.
Diferentes Tecnologias de Vacinas
Vacinas Inativadas
Essa abordagem consiste em multiplicar o vírus em uma cultura de células e matá-lo posteriormente com calor, radiação ou produtos químicos. O vírus morto por inteiro ou frações dele são então injetados no corpo humano para serem apresentados ao sistema imunológico, que é capaz de criar anticorpos contra o vírus. Uma vez que o vírus morto não se replica e a exposição é limitada, mais de uma dose é necessária para criar o efeito desejado. A eficiência da vacina, muitas vezes diminui ao longo do tempo, e uma vacinação repetida pode ser necessária a cada poucos anos. Esta categoria de vacinas é embora a opção mais segura disponível em relação aos efeitos colaterais e é usada por muitos anos para vacinas contra hepatite, poliomielite, influenza e raiva, entre outras.
As vacinas inativadas para o coronavírus são testadas na Índia sob a marca Covaxin. No Brasil, Turquia e Indonésia o CoronaVac está sendo testado. Um adjuvante de hidróxido de alumínio é acrescentado para aumentar a resposta imune neste candidato. Ela mostrou uma eficácia de 50,38%. Considerando que a OMS sugeriu uma eficácia mínima de 50%, ela ainda sai com um resultado aceitável. Porém um em cada dois vacinados pode ainda desenvolver COVID, somente em uma forma mais leve. Se espere que isso vai ser suficiente de evitar a superlotação dos hospitais.
Na China foi desenvolvida a vacina BBIBP-CorV, e com uma eficácia de 80% se trata da vacina mais eficiente nessa categoria até o momento. Outro candidato a vacina nesta categoria está sendo desenvolvido em Wuhan, China, mas nenhum nome foi anunciado até agora. Os quatro candidatos já foram aprovados na China ou India, como tambêm a CoronaVac no Brasil.2)COVID-19 vaccine tracker on raps.org Como essa tecnologia é usada por muitos anos no desenvolvimento de vacinas, ela pode ser potencialmente tão segura quanto qualquer outra vacina em uso hoje, em relação de efeitos adversos depois da vacina.
Vacinas de mRNA
As vacinas da Pfizer e Moderna são as duas primeiras candidatas de vacinas a serem aprovadas nos EUA e ambas estão na categoria de vacinas de mRNA. O que isso significa?
Um vírus normalmente usa proteínas spike em sua superfície para se atracar em uma célula humana e liberar uma sequência de RNA mensageiro dentro da célula. Esta sequência de mRNA sequestra a célula humana e dá instruções para replicar o vírus e assim se multiplicar. Esse processo se repete até que o sistema imunológico entra em ação para combater o vírus. Se esse processo demorar muito, o vírus pode deixá-lo bastante doente até que o sistema imunológico esteja finalmente forte o suficiente para vencer a batalha.
No caso da vacina de mRNA, uma sequência de RNA é sintetizada em laboratório que instrui a célula humana a produzir apenas as proteínas spike do vírus, que são liberadas na corrente sanguínea. O sistema imunológico fica assim exposto às proteínas spike, portanto, pode criar imunidade contra o vírus.
Para evitar que o sistema imunológico ataque o mRNA antes de entrar na célula, ele é encapsulado em uma membrana de gordura, semelhante a uma membrana celular. Isto permite também uma fusão com a membrana celular, permitindo assim a entrada da substância mRNA para dentro da célula. A vacina imita, portanto, o mecanismo de replicação de um vírus, com a única diferença de que as proteínas resultantes não são capazes de se replicar.
De acordo com os resultados dos testes preliminares, a vacinação da Pfizer mostrou 90% de eficácia para prevenir a infecção em comparação com o placebo, enquanto a vacina Moderna mostrou 94,5% de eficácia. 3)Moderna vs. Pfizer COVID 19 Vaccine. Medcram Episode 117 Em comparação com as vacinas da gripe que nunca chegaram a mais de 50% de eficácia, isso é bastante promissor. Mas não há dados estatísticos suficientes disponíveis para determinar a eficiência da vacina em pessoas idosas ou outros grupos vulneráveis.

Os estudos de Fase III dessas duas vacinas realizaram um teste de COVID-19 apenas nos candidatos que desenvolveram sintomas. Ainda não está claro se aqueles que são vacinados são apenas assintomáticos e contribuem para uma infecção assintomática do vírus. “Na pior das hipóteses, você tem pessoas andando por aí se sentindo bem, mas espalhando vírus por toda parte”, diz o virologista Stephen Griffin da Universidade de Leeds, no Reino Unido.4)The UK has approved a COVID vaccine — here’s what scientists now want to know. Nature, December 3, 2020
A vantagem dessa tecnologia é que a vacina pode ser produzida em larga escala dentro do laboratório, enquanto as convencionais dependem da reprodução do vírus em cultura de células, o que pode ser um pouco mais demorado. O problema é que essa tecnologia de vacina está sendo aplicada pela primeira vez em humanos. Semelhante aos alimentos geneticamente modificados, os potenciais efeitos colaterais de longo prazo dessa nova tecnologia ainda não são conhecidos. De acordo com os testes de Fase III, essas vacinas são consideradas seguras, mas os dados de acompanhamento estão disponíveis apenas por algumas semanas do período do estudo. Portanto, sabemos muito pouco sobre as complicações potenciais de longo prazo relacionadas a essa tecnologia.
Uma observação interessante vem da análise dos dados do teste de Fase I da vacina da Moderna. Com uma dose de 100 µg (a dosagem sendo aplicado), um dos 15 candidatos desenvolveu um evento adverso de grau 3, definido como um evento que impede a atividade diária e requer intervenção médica. Ao aumentar a dose para 250 µg, aumentou para três eventos adversos de grau 3 entre 15 candidatos ao teste. De acordo com o relato da companhia, todos os eventos adversos foram transitórios e auto-resolventes.5)Moderna Announces Positive Interim Phase 1 Data for its mRNA Vaccine (mRNA-1273) Against Novel Coronavirus. Moderna Website, May 18, 2020
Outro problema surgiu depois que a vacina Pfizer foi lançada ao público. Nas primeiras 2 semanas de vacinação, já foram notificados 8 casos de choque anafilático. Surge a suspeita de que o composto químico polietilenoglicol pode ser o culpado. Essa substância faz parte da vacina Pfizer bem como da Moderna, e nunca foi aplicada em uma vacina antes.6)Jop de Vrieze. Suspicions grow that nanoparticles in Pfizer’s COVID-19 vaccine trigger rare allergic reactions. Science Magazine, December 21, 20205 Questions Fauci and FDA Need to Answer on Pfizer … Continue reading
Até 16 de janeiro, havia 55 casos de morte relatados nos Estados Unidos após a aplicação da vacina COVID-19. Essas mortes ocorreram igualmente após a aplicação da vacina Pfizer e Moderna, e esse número de mortes foi relatado após a aplicação de 10,5 milhões de doses da vacina.7)55 People Died in US After ReceivingCOVID-19 Vaccines: Reporting System. The Epoch Times, January 16, 2021 No mesmo período, houve 33 mortes relatadas na Noruega e 10 mortes no Alemanha depois da vacina.8)Norway Moves to Calm Vaccine Anxiety After Elderly Deaths. Bloomberg, January 18
Institut prüft zehn Todesfälle nach Impfung. NTV, January 14 É difícil provar quantas dessas mortes foram causadas diretamente pela vacina, mas parece ficar evidente que, especialmente em pessoas idosas e frágeis, a vacina pode causar um resultado fatal.
Levará algum tempo para analisar quantas dessas mortes estão relacionadas à vacina. Somente após dados estatísticos de vários meses seremos capazes de determinar se a mortalidade é aumentada comparado com a população normal. Mesmo que a relação possa ser comprovada, dificilmente haverá alteração nas políticas de vacinação. As autoridades verificam se o risco da vacina supera os benefícios obtidos com ela. No Brasil, tivemos menos de 1 morte em 1000 pessoas de COVID-19 até agora. Se a vacina causa cerca de 5 mortes em um milhão, ainda é considerada um resultado benéfico.
Outro desafio é a distribuição da vacina. A vacina Pfizer deve ser armazenada a -70°C. Depois de descongelado, precisa ser usado em pouco tempo, pois não é muito estável à temperatura ambiente. A vacina Moderna é um pouco mais fácil neste ponto, permitindo o armazenamento a -4°C por um mês.9)Moderna vs. Pfizer COVID 19 Vaccine. Medcram Episode 117
Vacinas de Vetor Viral Recombinante
Nessa tecnologia, um vírus, sendo normalmente um vírus de adenosina, causando o resfriado comum, está sendo geneticamente modificado para perder a capacidade de se replicar em humanos. Em vez dos genes de replicação, uma estrutura de DNA modificada é inserida. O vírus modificado ainda é capaz de atacar uma célula humana e canalizar sua própria estrutura de DNA dentro do núcleo da célula. Semelhante às vacinas de mRNA, o DNA modificado está mandando estruturas de RNA mensageiro ao citoplasma da célula com instruções para produzir as proteínas spike do coronavírus. Isso novamente produz a resposta desejada do sistema imunológico, de modo que os anticorpos são formados e são capazes de proteger contra infecções futuras.
A vacina AZD1222 desenvolvida pela Universidade de Oxford e AstraZeneca é a candidata mais conhecida dessa vacina. É baseado em um vírus de adenosina de chimpanzé modificado, que transporta o DNA para a célula hospedeira.
Segundo os desenvolvedores, o DNA é modificado apenas nas poucas células infectadas, que são usadas para replicar o vírus, e não irá alterar o genoma humano. Mas obviamente faz uso de vírus geneticamente modificados e de uma tecnologia que nunca foi testada em larga escala em humanos. E alguns cientistas não excluem o risco potencial de introdução de DNA exógeno no genoma humano por esta tecnologia.10)C Zhang. et.al. Advances in mRNA Vaccines for Infectious Diseases. Front. Immunol., 27 March 2019 | https://doi.org/10.3389/fimmu.2019.00594
Outro problema pode surgir da resposta do sistema imunológico ao próprio vírus vetor. Se o sistema imunológico começar a atacar o vírus vetor, ele será impedido a transmitir sua mensagem às células hospedeiras. Usar o mesmo vetor em ambas as doses de vacina pode limitar a resposta imunológica e, caso o sistema imunológico já tenha sido exposto à cepa do vírus da adenosina antes, pode neutralizar parcialmente toda a vacina.
A vacina foi nos noticiários porque os testes clínicos foram suspensos duas vezes depois que dois participantes enfrentaram efeitos adversos neurológicos durante o teste.11)AstraZeneca’s quick Covid-19 vaccine trial restart splits experts. Clinical Trials. October 12, 2020 A falha na transparência da comunicação com o FDA também estava causando atrasos significativos no início dos testes de Fase III nos Estados Unidos.12)Blunders Eroded U.S. Confidence in Early Vaccine Front-Runner. The New York Times. December 8, 2020 Alguns efeitos colaterais adversos como dor, sensibilidade, fadiga, febre e dores de cabeça foram relatados pelos participantes em cerca de 60% para cada um desses sintomas no dia após a vacina, embora a maioria dos sintomas subsistiu após um período de 7 dias.13)Pedro M. Folegati et. al. Safety and immunogenicity of the ChAdOx1 nCoV-19 vaccine against SARS-CoV-2: a preliminary report of a phase 1/2, single-blind, randomised controlled trial. The Lancet, … Continue reading As críticas mencionam que o grupo placebo recebeu vacina contra meningite, que é conhecida por seus efeitos colaterais adversos, e mesmo assim as reações adversas da vacina AZD1222 foram bem maiores.14)Heated Vaccine Debate – Kennedy Jr. vs Dershowitz. Youtube, July 23, 2020
Com base nas negociações com a Universidade de Oxford, a produtora da vacina AstraZeneca prometeu abrir mão dos lucros iniciais para fornecer a vacina a um preço perto do custo da produção. E uma vez que a vacina não requer refrigeração cara, é provável que se torne popular em países do terceiro mundo.
Outra candidata nesta categoria é a vacina Sputnik V desenvolvida pela Rússia. Ele supostamente proporciona uma taxa de eficiência de 91% devido ao fato de que um vírus de adenosina diferente é aplicado em cada uma das duas doses como o vírus vetor. A vacina tem seus próprios escândalos. O presidente Vladimir Putin emitiu uma autorização de emergência em agosto, quando foi testado apenas em uma dúzia de pessoas. Até hoje não há perfil de segurança publicado sobre a vacina. A vacinação já foi disponibilizada ao público gratuitamente, embora os testes de fase III ainda não tenham sido concluídos. Mas o público ainda é cético, e alguns locais de vacinação tiveram que jogar fora as doses após o descongelamento, uma vez que não compareceram voluntários suficientes para a vacinação. E problemas técnicos estão atrasando o cronograma de produção.15)Coronavirus: Sputnik V vaccine rushed out to wary Russians. BBC News, December 8, 2020
Enquanto isso, o site oficial do Sputnik V está se esforçando para vender a segurança de sua tecnologia. 16)Vacinas de adenovirus. Site do Sputnik V Eles afirmam que os medicamentos à base de adenovírus são amplamente usados por mais de 50 anos, mas isso não se aplica ao uso do adenovírus como vetor viral com toda a manipulação genética envolvida. Eles listam uma série de 254 testes clínicos autorizados nos Estados Unidos que foram realizados com um vetor viral do adenovírus. O primeiro foi feito em 1993, tentando tratar a fibrose cística, uma doença respiratória rara causada por genes defeituosos. Nenhum resultado é relatado no banco de dados, levando à suposição de que não foi concluído com êxito. O primeiro estudo maior foi feito em 2004, onde 1.500 participantes receberam uma vacina contra o HIV para serem testados. Eles citam também um medicamento contra o câncer que usa essa tecnologia, sendo usado na China desde 2004 em mais de 30.000 pacientes. Esta foi a primeira vez que essa tecnologia foi aplicada em uma escala maior, embora não fosse em um contexto de vacina.
Outra candidata de vacina chamada EpiVacCorona também foi autorizada por Putin, sem ainda ter entrado nos testes de Fase III. Isso mostra como o orgulho nacional é muitas vezes um motivo para anular as preocupações com a segurança, e isso acontece não apenas na Rússia. Há poucos dados sobre a vacina disponíveis até o momento, mas parece basear-se em estruturas de proteínas produzidas sinteticamente. Mas mesmo sendo autorizado, ainda vai demorar um pouco até que esteja publicamente disponível. Tecnicamente falando, a produção de proteínas sintéticas é mais complexa, então os russos podem acabar com dois candidatos ficando atrasado no cronograma de produção.
Um terceiro candidato a uma vacina de vetor viral é desenvolvido pela Johnson & Johnson e entrou nos testes de Fase III. A empresa já havia desenvolvido uma vacina contra Ebola usando a mesma tecnologia. Um estudo de segurança em 2015 foi temporariamente suspendido após dois eventos adversos neurológicos graves foram relatados, um dos quais foi considerado como possivelmente relacionada à vacinação.17)Andrew J Pollard. et.al. Safety and immunogenicity of a two-dose heterologous Ad26.ZEBOV and MVA-BN-Filo Ebola vaccine regimen in adults in Europe (EBOVAC2): a randomised, observer-blind, … Continue reading Em 2019, eles finalmente lançaram os testes de Fase III, onde planejavam recrutar 500.000 candidatos, mas foram capazes de vacinar apenas cerca de 60.000 candidatos até agora. Em julho de 2020, eles obtiveram uma autorização de emergência da União Europeia para comercializar a vacina do ebola.18)Johnson & Johnson Announces European Commission Approval for Janssen’s Preventive Ebola Vaccine, 1 July 2020 Teremos de esperar para ouvir mais notícias sobre o resultado de sua vacina de COVID-19.
Críticas aos Vacinas
Os dados atuais sugerem que as vacinas Pfizer e Moderna podem dar perto de 90% de proteção contra o vírus. Mas não temos dados estatísticos suficientes para dizer se a proteção é adequada para idosos, etnias negras que são desproporcionalmente afetadas pela pandemia, bem como pessoas com diabetes e outras doenças relacionadas ao estilo de vida. Isso significa que, para os grupos mais vulneráveis, não temos dados estatísticos suficientes disponíveis para avaliar a eficácia da vacina. Também não sabemos quanto tempo essa imunidade vai durar. Não temos experiência suficiente com vacinas de mRNA para dizer com certeza se elas irão fornecer proteção de longo prazo.
Vimos que, mesmo depois de terem sido infectados com COVID-19, dando ao corpo a chance de desenvolver uma resposta imunológica completa, alguns indivíduos estavam se infectando novamente após alguns meses. Especialmente as mutações do vírus aumentam a chance de reinfecção. Como as vacinas COVID-19 vão se comportar nessa questão não sabemos, já que começamos a aplicá-las a pouco tempo. Por enquanto ninguém é capaz de dizer se sua eficiência durará alguns anos ou apenas alguns meses.
Outra preocupação é que a maioria das vacinas está expondo o sistema imunológico apenas às proteínas spike do vírus. Se o vírus sofrer mutação, ele poderá alterar a forma da proteína spike e tornar a maioria das vacinas ineficazes. Até agora, o coronavírus é muito mais estável do que os vírus da gripe. Mas existem algumas mutações já relatados que afetam a proteína spike.
Quando um vírus está sofrendo mutação, aumentam as chances de que a potencialização dependente de anticorpos esteja ocorrendo, onde os anticorpos estão ligados ao vírus em uma forma errada que até mesmo aumenta a infecção. Isso é o mesmo mecanismo que ocorre na dengue hemorrágica.19)Wikipedia: COVID-19 vaccineIwasaki A, Yang Y (21 April 2020). “The potential danger of suboptimal antibody responses in COVID-19”. Nature Reviews Immunology. 20 (6): 339–41. … Continue reading Esta reação pode ser mais comum em pessoas idosas e outras classes com uma resposta do sistema imunológico comprometido.
Até agora, a maioria dos cientistas está esperando de que as mutações não são significativas o suficiente para causar qualquer problema. Mas já existem estudos em andamento para determinar de que forma as mutações do vírus existentes podem afetar a eficácia de nossas vacinas atuais.20)B S Kamps, C Hoffmann. COVID Reference. Edition 2021.6, p. 177,178 Já se mostrou que a vacina do Oxford é menos eficaz contra a mutação que surgiu em Africa do Sul, e o país parou a aplicação dessa vacina.21)Jonathan Smith. Can Covid-19 Vaccines Keep up with an Evolving Virus? Labiotech.eu 11/02/2021 E ainda não vimos esse vírus sob pressão seletiva. Quando as vacinas são aplicadas em larga escala, se quaisquer mutações significativas ocorrerem, aqueles que vão ser resistentes a vacinas se espalharão.22)The UK has approved a COVID vaccine — here’s what scientists now want to know. Nature, December 3, 2020 A empresa francesa Osivax, bem como algumas outras empresas, estão explorando novos candidatos de vacinas que terão como alvo mais do que apenas as proteínas spike.23)Jonathan Smith. Can Covid-19 Vaccines Keep up with an Evolving Virus? Labiotech.eu 11/02/2021 Todas as vacinas baseadas em um vírus inativado como um todo serão mais confiáveis também neste aspecto.
Uma grande questão será a segurança a longo prazo dessas vacinas. Os testes de Fase III normalmente levam vários anos, mas foram encurtados por poucos meses. As tecnologias usadas para a maioria das vacinas são bastante novas e não temos muitos dados de segurança, exceto aqueles testes curtos. O tempo dirá o quão seguro eles são em relação aos eventos adversos de longo prazo. E nenhum fabricante da vacina está disposto a assumir essa responsabilidade.
Nos EUA, a questão da responsabilidade já estava claramente resolvida a favor dos produtores. A gripe suína em 1976 causou algum receio de que uma pandemia semelhante à gripe de 1918 se repetiria e motivou o CDC (Center of Disease Control) para emitir o desenvolvimento de uma campanha de vacinação de emergência em todo o país. Os produtores concordaram em fabricar a vacina com a condição de isenção de responsabilidade. A vacina foi produzida e administrada em tempo recorde a 45 milhões de americanos, mas por algumas razões inexplicáveis, o vírus não reapareceu no inverno seguinte. No entanto, cerca de 1 em 100.000 da população vacinada desenvolveu a síndrome de Guillain-Barré, e o Estado teve que cuidar da compensação de responsabilidade por esses casos.24)Liability for the Production and Sale of Vaccines. in Vaccine Supply and Innovation Devido ao aumento da pressão da indústria, desde outubro de 1988 todos os fabricantes de vacinas estão isentos de responsabilidade por qualquer vacina aplicada nos Estados Unidos. Durante esta crise recente, a fim de dar um incentivo, o Secretário de Saúde e Serviços Humanos absolveu todas as empresas das responsabilidades legais relacionadas a todas as atividades no combate ao vírus COVID-19 no Estados Unidos.25)Legal Immunity: A Reward for Innovators Combatting COVID-19. JDSUPRA March 18, 2020
COVID-19 and PREP Act Immunity. The National Law Review. Volume X, Number 358.
Durante a guerra fria, o departamento de vacinas do FDA (Food and Drug Administration) incluiu oficiais militares a fim de facilitar a preparação de emergência para armas biológicas, e até hoje os oficiais se reportam uniformizados. Nesse contexto, foram aprovados procedimentos para autorização emergencial de vacinas. As críticas também mencionam que as autoridades reguladoras nos Estados Unidos são amplamente infiltradas pelos defensores dos fabricantes de vacinas. Estudos independentes de universidades, que mostram os reais efeitos colaterais das vacinas, são deliberadamente suprimidos. Neste contexto de desconfiança generalizada, não é de admirar que o movimento anti-vacina ganhou força especialmente nos Estados Unidos.26)Heated Vaccine Debate – Kennedy Jr. vs Dershowitz, Youtube, Jul 23, 2020
Outros países têm leis de responsabilidade mais rigorosas em relação às vacinas, mas no caso das vacinas de COVID-19, nenhum produtor está disposto a assumir responsabilidades, e cláusulas de não responsabilidade estão incluídas nos contratos assinados com os governos. Há agora debates acontecendo, sobre como a recompensa deve ser administrada para aqueles que desenvolverem eventos adversos resultando da vacina, especialmente em países mais pobres que não podem oferecer tal recompensa.27)Sam Halabi et.al. No-Fault Compensation for Vaccine Injury — The Other Side of Equitable Access to Covid-19 Vaccines. N Engl J Med 2020; 383:e125
No Brasil ainda faltam as autorizações emergenciais da ANVISA. A CoronaVac está providenciando materiais, mas ainda falta que a agencia Butantan entregue os resultados finais dos testes de Fase III. A empresa Pfizer está ainda negociando para ver se submete um pedido de autorização. A vacina do Oxford é considerada juntos com alguns outros candidatos. Então não tem ainda uma palavra final o que tipo de vacina vai ser disponível no Brasil.
As novas tecnologias genéticas são realmente preocupantes. Temos alimentos geneticamente modificados em uso desde 1994, e ainda hoje há estudos em andamento sobre quais tipos de efeitos colaterais essa tecnologia está causando na nossa saúde. Se a humanidade tenta melhorar as plantas que Deus criou perfeitamente, algo está sempre saindo do equilíbrio. Agora a humanidade está dando um passo além em produzir vírus geneticamente modificados para serem injetados em nossa corrente sanguínea. Se isso vai ser uma bênção ou uma maldição ainda está para ser visto. Para mim, os candidatos usando vacinas inativadas parecem ser um pouco mais prudentes.
Outro problema consiste em que todos os estudos são feitos em pessoas saudáveis e excluem cuidadosamente as pessoas que apresentam reações alérgicas ou outras condições adversas de saúde. Portanto, não temos dados de segurança sobre como grupos de pessoas vulneráveis reagem à vacina. Os choques anafiláticos ocorridos após a aplicação das vacinas Pfizer são um exemplo clássico disso.
Quando um novo medicamento entra no mercado, testes cuidadosos são feitos por vários anos. Esses medicamentos são aplicados apenas a um pequeno subgrupo de pessoas que são portadoras de uma determinada doença. No caso das vacinas, que são aplicadas a população como um todo, com toda a sua diversidade envolvida, muito mais cautela deve ser aplicada no processo de aprovação. Isso nem sempre está acontecendo com as vacinas regulares e muito menos com as vacinas de COVID-19 que foram desenvolvidas sob extrema pressão do tempo.
Então, temos uma vacina segura disponível? Acho que ainda não estamos em posição de dar uma resposta certa sobre isso, mas espero que os próximos meses nos dêem mais clareza sobre o assunto. Vamos ver!
Com tantas perguntas ainda precisando de uma resposta, pode-se questionar por que outras medidas de proteção não estão sendo levadas mais a sério. Há muito tempo sabemos que as pessoas com obesidade, diabetes tipo II, doenças cardíacas ou câncer são mais suscetíveis à doença.28)People with Certain Medical Conditions. CDC Por que não há intervenções para ajudar esses grupos de pessoas a controlar melhor suas doenças relacionadas ao estilo de vida? Sabemos que a maioria dessas condições pode ser prevenida ou mesmo revertida com um estilo de vida mais saudável.

Há evidências crescentes de que a vitamina D desempenha um papel importante na melhoria da resposta imunológica contra uma infecção por COVID-19. Estudos mostram que as latitudes próximas ao equador foram afetadas muito menos pelas infecções por COVID-19.29)Gareth Davis et.al. Evidence Supports a Causal Role for Vitamin D Status in COVID-19 Outcomes. https://doi.org/10.1101/2020.05.01.20087965 Muitos outros estudos estão disponíveis sobre a correlação entre os níveis de vitamina D e as taxas de infecção por COVID-19, bem como a evolução da doença.30)Vitamin D and COVID 19: The Evidence for Prevention and Treatment of Coronavirus (SARS CoV 2). Youtube. December 10, 2020 Os especialistas sugerem que uma suplementação generalizada com 4.000 UI de vitamina D seria uma das intervenções mais baratas e eficazes para limitar a propagação da doença. Mas os governos ainda estão céticos em aceitar essa evidência, e a maioria das agências reguladoras ainda está publicando requisitos de RDA que são demasiado baixo para combater a deficiência generalizada.31)Experts send Vitamin D and Covid-19 open letter to world’s governments. Nutraingredients.com December 21, 2020
Existem muitas medidas disponíveis para fortalecer nosso sistema imunológico, e temos em nossas próprias mãos como implementá-las em nossas vidas. Por esse motivo, lançamos o Desafio da imunidade Blindada em nosso site. Se você ainda não participou, recomendo fortemente que se inscreva e conheça todas as informações, para que você possa fazer a sua parte e se proteger contra esta doença. Faça a sua parte!
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Desafio da Imunidade Blindada

Martin Neumann foi treinado para Intervenções de Estilo de Vida em 1998 no Wildwood Lifestyle Center & Hospital. Desde então, ele deu palestras em diferentes partes do mundo sobre um estilo de vida saudável e remédios naturais. Ele é o fundador do site Saúde Plena.
Referências
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↑17 | Andrew J Pollard. et.al. Safety and immunogenicity of a two-dose heterologous Ad26.ZEBOV and MVA-BN-Filo Ebola vaccine regimen in adults in Europe (EBOVAC2): a randomised, observer-blind, participant-blind, placebo-controlled, phase 2 trial. The Lancet, November 17 2020 |
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↑31 | Experts send Vitamin D and Covid-19 open letter to world’s governments. Nutraingredients.com December 21, 2020 |
Deus , não criou um corpo tão frágil assim que, tenha de depender de produtos sintéticos para o defender. Onde está o conhecimento do trabalho executado por nosso cérebro,, reconhecendo o certo é o errado dentro do nosso corpo. Como o corpo que sempre se defendeu expelido o impuro de dentro de nosso corpo, através de vômitos, diarreias, febres, não mais reconhece o que o está incomodando. Será que não está na hora de falar de Sol, água, frutas, verduras, exercício físico em contato com a natureza, a obesidade é tantas outras falhas não são a maior causa de nossas doenças. Vejam pessoas que se exercitam diariamente. Com certeza também tem uma alimentação segundo o que Deus nos oferece. Estão chovendo no molhado, grosseiramente falando.
Sim vc tem bastante razão. Existe um lugar para vacinas, mas talvez não apressados assim. Tem muitos estudos do Vitamina D protegendo contra o COVID-19, tem muito mais que se pode fazer em relação do estilo de vida como vc está falando, agora recentemente está chovendo de estudos com tratamentos exitosos, mas tudo mundo está esperando para a vacina terminar a pandemia.
Não penso que o texto choveu no molhado. Na verdade, ele esclarece como cada vacina funciona. O que é muito importante para que nós possamos escolher qual devemos tomar. Deus criou um corpo perfeito, mas o pecado corrompeu, então, devemos usar sim, todos os remédios naturais que Deus nos deixou e sempre buscar uma vida mais saudável e feliz dentro dos conselhos que temos para seguir. O texto em questão, como o próprio título diz, é para explicar o que precisamos saber sobre as vacinas, logo, cumpriu o que prometeu.
Adorei a leitura, foi esclarecedora!! Parabéns
Sim, precisamos ser bem informados, e basear as nossas decisões em fatos confirmados e não nos boatos que circulam nas redes sociais. Acho que ficou claro que tem muitas coisas experimentais, mas diferencias grandes entre os tipos diferentes das vacinas.